Quantas vidas cabem na vida de uma mulher?
Additional Info
- A da criança que dá lugar à jovem - com a primeira menstruação e a primeira experiência sexual;
- A da jovem que deriva na mãe/amante - com a primeira gestação de um bebé ou de ideias e projetos com o seu cunho pessoal e o amadurecimento do seu perfil erótico e sexual;
- A da sábia - que chega com a perimenopausa e a menopausa.
- À jovem é-lhe apresentado como estado psicológico predominante a aprendizagem. O seu corpo transforma-se e a sexualidade convida-a à descoberta do seu potencial criativo, através do despertar da libido e da maior atratibilidade, A vida torna-se sedutora e excitante e o espírito de descoberta inocente, aventureiro e exploratório predomina, também porque ainda não tem no seu histórico más experiências. Daqui vem a capacidade de se entregar, inteira, ao momento. Contudo, é igualmente nesta fase que despontam algumas questões depreciativas, tais como: não gostar de ser mulher, porque percebe diferenças injustificadas no tratamento de género; vergonha do corpo e da menstruação; as limitações que trazem as dores menstruais, a responsabilidade de poder gerar crianças; o assédio de homens mais velhos e o bullying com o seu processo de crescimento;
- Já para a mãe a jornada psicológica é a da aceitação da responsabilidade. Cuidar torna-se a palavra de ordem: assegurar o bem-estar do bebé, desenvolver a paciência, colocar em primeiro lugar as necessidades da cria face às suas. Dar à luz ensina o significado mais profundo de rendição à sabedoria inata do corpo e provoca a mudança de consciência mais repentina e poderosa de todas na vida. Muito influenciada pelas hormonas da gestação e da amamentação, potenciadoras da ligação e da nutrição emocional, a sexualidade transforma-se: primeiro, com a ausência de libido, depois a descoberta de uma sexualidade já não baseada na gratificação pessoal mas na geração de amor compassivo e nutridor para o companheiro, mais disponível para render-se ao prazer sexual e responsabilizar-se pela criação das condições erótico-sedutoras que levam à relação sexual. Porém, este começo implica transformações no corpo, por vezes, irreversíveis; falta de apoio e depressão; dificuldades na conciliação entre as ações de mãe e de mulher/amante; resistência a mudar a atenção para outras áreas da sua vida, para além da maternidade. Para que não foram mães, pode surgir frustração e senso de incompletude, quando o que importa é perceber que o que é para ser vivido neste começo é a criação: se não é de seres físicos que seja de expressão artística, avanços tecnológicos, legislação inovadora. novas organizações... enfim, dar à luz o que têm para colocar no mundo!
- No caso da sábia, o desenvolvimento psicológico assenta na partilha da sua sabedoria. Após décadas de conhecimento acumulado através da educação e da experiência de vida, a mulher é chamada a assumir a sua mestria. Comunicar, cultivar as suas paixões, organizar movimentos, aderir a causas representam o amor, outrora umbilical, ao serviço da comunidade. Este pode ser o começo mais produtivo na vida da mulher. Para muitas, os filhos são já jovens adultos, o que traz maior autonomia e mais tempo livre para a mulher e, mesmo aquelas que são mães mais tarde, reportam maior disponibilidade para conciliar ambos os papéis.
Em outubro estamos de volta com os Workshops Circulário, onde abordamos os ciclos internos do feminino com técnicas e práticas de autoconhecimento e regulação. Até lá, continuamos no grupo do Facebook. és muito bem-vinda!
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